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SEJAM BEM VINDOS E BEM VINDAS!!!

Neste blog você encontrará lindas poesias de autores renomados e da minha autoria. Fique a vontade para apreciar e comentar as publicações que mais lhe agradar.
Um abraço!!!
Ana Rosa

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O casamento de Lampião e Maria Bonita


Vou falar de um fato
Que nunca sai da memória
Um acontecimento importante
Que faz parte da nossa história.

Há alguns anos atrás
Reinava no sertão
Um homem valente e famoso
Conhecido por Lampião.

Era temido e respeitado
Por onde ele passava
Matava gente ruim
Mas o pobre ele ajudava.

Cansado do abandono
Que andava nossa nação
Lampião se revoltou
E fez justiça com as próprias mãos.

No decorrer das suas andanças
Um fato marcou sua vida
Foi quando ele no sertão
Encontrou Maria Bonita.

Desse dia em diante
Só pensava em casar
É um pouco dessa história
Que agora vou contar.

Quase todo sertanejo
Dá uma de valentão
Foi assim uma bela noite
Com o seu Serapião.

Na porta de sua casa
Era isso que sentia
Serapião e seu compadre
Vendiam valentia.

O compadre o alertava
Falando quase tremendo
Que o tal de Lampião
Estava fazendo e acontecendo.

_Esse cara não é de nada.
Dizia Serapião
Só quem é fraco tem medo
Desse tal de Lampião.

_Valente aqui sou eu
Falo sem nenhum segredo
Se eu encontrasse com ele
Fazia o correr de medo.

Enquanto os compadres
Jogavam conversa fora
Um barulho muito estranho
Ouviram naquela hora.

Para surpresa de todos
Lampião ali chegava
Com todos os cangaceiros
Na frente da casa parava.

_Louvado seja Deus
N.S. do livramento
São José e todos os santos
Valei-me nesse momento!!!

Essa foi a reação
Que teve o dono da casa
Tremendo de tanto medo
Não voou porque não tinha asa.

Lampião nem deu ouvidos
Para aquele medo horrendo
Só tinha olhos para Maria
E assim foi dizendo:

_Tem coisa nesse mundo
Que a gente nunca evita
Juro por deus que nunca vi
Uma mulher tão bonita.

Espero sinceramente
Que não seja ilusão
Pois agora estou de frente
Com a deusa do sertão.

Pegando a mão de Maria
Lampião assim falou:
_Acho bom não fugir de mim
Minha bela, meu amor.

Maria não saiu correndo
E nem se fez de rogada
Olhou firme em Lampião:
_Qual é a sua jogada?

Maria lhe perguntou:
_Tu é valente ou besta?
Pensei que era corajoso
Mas é tonto da cabeça!!!

Lampião achou graça
Do que Maria dizia
E disse sorrindo prá ela:
_Você vai ver minha valentia.

Era só o que me faltava
Disse olhando para a porta
Ser mulher de cangaceiro
Não serei nunca, nem morta.

Morta eu não te quero
Quero viva e agora
Nem adianta fugir
Que eu vou te levar embora.

Vejam só vocês
As voltas que a vida dá
Quem diria que lampião
Com Maria Bonita ia casar?

Quando ninguém esperava
Viu lampião chegar
Anunciando para todos
Que ele queria casar.

Maria chegou sincera
Tinha ficado valente
Apesar do que passou
Parecia está contente.

Ao ver a filha chegar
Josefa quase se finda
Chorando e dizendo:
_Minha filha está viva ainda!

Não sabendo o que falar
Serapião quase morto
Disse suando frio:
_Desse casamento eu faço gosto.

Lampião deixou bem claro
Que só tinha ido avisar
Mandou o futuro sogro
A festança preparar.

Não se ouvia outra coisa
Desde aquele dia
O assunto do momento
Era o casamento de Maria.

O povo ficava com medo
Quando era convidado
Mas para ir ao casamento
Lampião tinha os intimado.

Quem mais deu trabalho
E quase morreu de medo
Foi o padre da cidade
Que era ator desse enredo.

Finalmente o grande dia
Que era muito esperado
Para a surpresa de todos
Já havia chegado.

Não pensem que acabou
Pois o melhor está por vir
No sertão nunca houve
Uma festa tão boa assim.

Quem achava que lampião
Só fazia o mal
Muito se enganou
Pois ele até que era legal.

E no dia do casamento
Misturou-se a valentia
O medo e a coragem
E muita ousadia
Foi uma festança danada
Só acreditava quem via.

_Vem chegando minha gente
Vem todo mundo prá cá
É festa, é alegria
Maria Bonita vai casar!

Todo mundo ansioso
A grande hora esperava
Já estava tudo pronto
Só o padre não chegava.

Lampião todo animado
Com sua roupa de couro
Andava por todo lado
Parecendo um besouro.

Agoniado com a demora
Disse: o que é que a gente faz?
Será que esse padre
Logo agora vai dá prá trás?

Enquanto esperavam
O medroso padre chegar
Lampião ordenou a todos
Que começassem dançar.

De repente apareceu
No meio da multidão
O velho padre montado
Em seu cavalo alazão.

Os cangaceiros pegaram
Suas armas e munição
Nisso viram o padre
Cair de joelhos no chão.

Levantou as mãos para o céu
Com todos os sentimentos seus
Dizendo aos cangaceiros:
_Não me mate em nome de Deus!

Olhando todo sem graça
O cangaceiro assim falou:
_Levante daí seu padre
Não vamos matar o senhor

Só íamos atirar
Com a nossa espingarda
Para comemorar
Até que em fim sua chegada.

Nisso Maria Bonita
Sem poder mais esperar
Junto com o seu noivo
Ficou no pé do altar.

O padre tremia tanto
Que de longe o povo via
Pior era que ninguém
Entendia o que ele dizia.

Interrompendo o sermão
Que continuava sem jeito
Maria se levantou
E disse ao padre: __eu aceito!

Sem esperar o padre mandar
Lampião se ajeitou
E na frente de todo mundo
Maria Bonita beijou.

Daquele momento em diante
Tudo era alegria
Ninguém jamais esqueceu
A festa daquele dia.

Essa é a história
Que de lampião eu inventei
Casando com Maria Bonita
Se foi feliz eu não sei.

Escrever sobre essas coisas
Até me causa emoção
Só não se pode esquecer
Que é pura ficção.

O cangaço no sertão
Não sairá da memória
Quem quiser aprender mais
Leia a verdadeira história.

Ana Rosa

José e os pardais


Vou contar uma história
Que não parecia ser nada
Mas que no final das contas
Se tornou muito engraçada.

Aconteceu na cidade
Não foi no meio do mato
Em cima de uma casa
Entre passarinhos e um gato.

José é um gato fofo
Dos mais lindos que já vi
É o menino da casa
Muito querido aqui.

Acontece que na vida
Sempre aparece um rival
Na dele também um dia
Apareceu um pardal.

Feliz e inocente
O pobre do passarinho
Na cumeeira da casa
Foi fazer o seu ninho.

José, que há muito tempo
O pardal queria pegar
Viu uma oportunidade
Para poder se vingar.

Enquanto os passarinhos
Carregavam os gravetos
José pensava feliz
_Vou lhe passar no espeto!

Começou bolar um plano
Para os passarinhos comer
Dizendo eu subo na casa
Eles agora vão ver!

Pensava dia e noite
Sobre qualquer empecilho
E concluía tranqüilo:
_Se não for os pais, como os filhos.

O pardalzinho esperto
Começou a desconfiar
E também bolou um plano
Para o gato lograr.

Voou em cima da casa
E passou a escolher
Um lugar bem seguro
Que pudesse se esconder.

E assim aconteceu
Um lindo ninho foi feito
Bem embaixo da telha
Sem ter nenhum defeito.

Depois de tudo pronto
Mamãe pardal foi deitar
Para chocar os ovos
E os filhotes esperar.

Quando foi de madrugada
Conforme o planejado
O gato traiçoeiro
No ninho havia chegado.

Tentou de todo jeito
Mas ele estava perdido
Porque o ninho estava
Muito bem escondido.

Lá do alto da árvore
Papai pardal observava
E ria da cara do gato
Que não conseguia nada.

José estava nervoso
Com sua cara de mal
Mas pensou determinado:
_ Eu como esse pardal.
Como uma questão de honra
Todo dia ele estava lá
Caçando uma maneira
De os filhotinhos pegar.

Sua luta foi em vão
Porque nada conseguiu
Enquanto ele esperava
Nenhum pardal saiu.

Quando os filhos já estavam
Prontos para voar
Seus pais estavam lá fora
Prontos a lhes esperar.

O dia estava lindo
O sol forte brilhava
Os pardais e os seus pais
Saíram batendo asa.

Quando chegou no telhado
E viu o ninho vazio
José quase ficou louco
Tamanha raiva sentiu.

Pulou de cima da casa
Estava todo arrasado
Nada era importante
O mundo tinha acabado.

Sentia tanta vergonha
Com o fato ocorrido
Que saiu cedo de casa
Ficou três dias sumido.

Ana Rosa, 10/01/2011

O pardalzinho prisioneiro


Era uma vez um pardalzinho
Que vivia alegre e feliz
No mato onde morava
Sempre fez tudo que quis.

Ao lado dos seus amigos
Corria toda a floresta
Não existia tristeza
Todo dia era uma festa.

O pardal além do mais
Tinha uma bela namorada
Que vivia lhe dizendo
Que estava apaixonada.

Com todo esse carinho
Ficava sempre empolgado
Com a sua companheira
Sabia que era amado.

Porém, um triste dia
Na floresta amanheceu
Um menino tagarela
O pardalzinho prendeu.

Não sabia o que fazer
Nem o que aconteceu
Pois nas grades da gaiola
O seu mundo escureceu.

A pobre criança queria
Que o pardal fosse cantar
Na sala da sua casa
Para sua vida alegrar
E se esqueceu que a floresta
Era o seu devido lugar.

O passarinho, coitado
Começou seu padecer
Todo dia ele chorava
Em vez de cantar no amanhecer
Longe da liberdade
Feliz nunca mais pode ser.

Vive de abeca baixa
Nem para o lado ele olha
Não consegue ver o mundo
De dentro da gaiola.

A criança não percebeu
Que fez um grande mal
Que o amanhecer do dia
Já não era mais igual
Pois no coral da floresta
Faltava a voz do pardal.

A você que é criança
E gosta de passarinho
Deixe ele em liberdade
Nuca prenda o bichinho.

Pois para viver feliz
E todo dia cantar
Ele precisa bater asas
E pelo mato voar.

Ana Rosa, 19/04/2011