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Neste blog você encontrará lindas poesias de autores renomados e da minha autoria. Fique a vontade para apreciar e comentar as publicações que mais lhe agradar.
Um abraço!!!
Ana Rosa

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Relatos de sonho, ousadia e coragem.


Não sei se sou poetisa
Mas quero poetizar
Usar o lápis e o papel
Para de mim mesma falar.

Vou contar minha história
Com carinho e emoção
Retratando o que vivi
Com ternura e devoção.

Minha vida começou
De forma muito eficaz
Em uma comunidade
Chamada Olho D’água de Trás.

Sou filha de agricultores
Deus me deu este destino
Tenho orgulho dos meus pais
Maria Rosa e Alcidino.

Eu tenho seis irmãos
Uma família maravilhosa
Para que todos me conheçam
O meu nome é Ana Rosa.

Desde criança aprendi
A natureza amar,
Lutar pelos meus direitos
E nunca desanimar.

A escola era um sonho
Não cansei de esperar
Com oito anos de idade
Comecei a estudar.

Minha primeira escola
Na lagoa da pedra aconteceu
E o meu primeiro professor
Se chamava Amadeu.

Aprender ler e escrever
Era tudo que eu queria
Por isso ia para a escola
Transbordando de alegria.

No entanto, como sou negra
Fui muito discriminada
E muitas vezes na escola
Pelos colegas desprezada.

Ia sozinha pelo caminho
Correndo de lagartixa
Mas achava melhor assim
Do que me envolver em rixa.

Tive muitos colegas ruins
Mas sempre tem algum respaldo
Eu gostava dos companheiros
Lucineide e Reginaldo.

Acontecia cada coisa
Que não dá prá esquecer
Com medo de gado e cachorro
Tivemos tanto que correr.

Quando saíamos de casa
Nossa mãe recomendava
“cuidado com o cachorro doido”
Que por aquele mato andava.

Um dia quase morremos
Querendo numa árvore subir
Por causa de um cachorro doido
Que vimos em nossa frente surgir.

Cansados e apavorados
Diante daquele empecilho
Percebemos com “a cara grande”
Que era o cachorro de Otacílio.

Voltamos para casa
Rindo do que aconteceu
Esse fato se passou
Com Lúcia, Naldo e eu.

Gostava de ouvir história
Entusiasmada eu ficava
Mas morria de medo
De umas coisas que pai contava.

Ouvia casos de reis,
Coisas que a mente consome,
Mas os que eu mais temia
Era mula-sem-cabeça e lobisomem.

Nessa época eu já sabia
Ler, escrever e interpretar
Com onze anos de idade
Da igreja fui participar.

Me encontrava com crianças
Grupos de jovens, grupos de crisma
Fazia tudo com amor
Sem medo, ressentimento ou cisma.

Era tão religiosa
Que chegava até sofrer
Imagine que até freira
Um dia eu já quis ser!

Parece inacreditável
Mas foi uma coisa bacana
Passei quinze dias na lapa
Como uma irmã franciscana.

Esses dias fora de casa
Teve um significado profundo
Daquele dia em diante
Abriu-me as portas do mundo.

Desistir de ser freira
Mas útil eu queria ser
Foi então que me ingressei
No grupo da PJMP.

Dentro da pastoral
Me tornei mais potente
De repente descobrir
Que agia politicamente.

Dessa forma continuei
Da comunidade participar
Em forma de associação
E não mais de apenas rezar.

Foi também nesse período
Que apesar da dificuldade
Percebi que estava na hora
De cursar uma faculdade.

Para passar no vestibular
Continuei batalhando
Fazendo cursinho à tarde
E pela manhã estudando.

Ficar na cidade foi difícil
Muitas vezes tive que chorar
Pois para falar a verdade
Nem uma casa eu tinha para morar.

Não fico me lamentando
Falando do meu sofrer
Agradeço às famílias
Que quiseram me acolher.

Estava longe de casa
Mas sozinha não fiquei
No meio da solidão
Uma irmã eu ganhei.

Estou falando de Liana
Com quem partilhei minha sina
Passávamos horas contando
Nossos sonhos de menina.

Era mais uma brincadeira
Que parecia não ter sentido
Mas foi bem nesse tempo
Que conheci o meu marido.

Na casa da minha tia
Esse maluco foi bater
Imagine que nesse dia
Parecia que eu ia morrer.

Mas tudo ficou tranqüilo
Entusiasmada eu fiquei
E foi com esse rapaz
Que mais tarde me casei.

Nessa época eu já tinha
Mais uma companheira para ficar
Era minha irmã mais nova
E juntas fomos morar.

Me acho inteligente
Sempre e em qualquer lugar
E assim sem muita demora
Passei no vestibular.

Eu queria ser agrônoma
Estudar agronomia
Mas como não foi possível
Me formei em pedagogia.

E assim sou professora
Aprendendo a gostar do que não quis
Acredito que terei sucesso
Pois sou uma “eterna aprendiz”

Todo dia aprendo uma coisa
E sigo sem desesperar
Pois como dizia um poeta
“O caminho se faz ao caminhar”.

A vida me ensinou
Em mim mesma acreditar
A lutar pelos meus sonhos
E vê-los realizar.

Sou uma pessoa simples
Às vezes um pouco mimada
Na verdade eu gosto muito
É de ser admirada.

Vou ficando por aqui
Com saudades, mas com alegria
Só não termino minha história
Porque a escrevo todo dia.

Ana Rosa Santos 20/07/09

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